segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Palpitação


O coração bate. Parece um martelo. O olhar desvia. Ondas. Ondas de sangue que correm pelo corpo como as de um mar revolto. A batida é tão forte que o ar some. Respira-se fundo. O ar entra com a função de acalmar o coração. Os ouvidos ensurdecem, e o único som que se escuta é da respiração profunda e da chuva ao fundo. Parece uma caverna. Breu, ar, água, relâmpagos, solidão, medo. Que lugar é esse? Não quero sair daqui. O peito balança de tamanha a força do coração. Ele que bate assim de alegria, infelizmente também bate de tristeza. O peito move, involuntariamente como se algo o forçasse para frente. Ele obedece. Segue aquilo que o cérebro manda. Mas o cérebro está muito confuso. E o cérebro confuso não sabe o que faz, ou sabe, ordena palpitações.

domingo, 27 de setembro de 2009

Amizade


Amizade é amor, amor incondicional, eterno e voluntário. Da amizade esperamos muito. Esperamos cumplicidade, doação, carinho, sacrifício, ombro, ouvidos, conselhos, proteção, suporte, respeito... São muitas as coisas. No entanto, para quem ama, uma vez que amizade é amor, tudo isso vêm sem esforço nenhum. Não me dói perder para fazer meu amigo ganhar, não me dói fazer sacrifícios para ver meu amigo sorrir. Não me dói cuidar de um amigo que precisa de ajuda. Não me dói acompanhar um amigo que se sente só. Não me dói não dormir para sofrer por ele.

Contudo, amizade também é reciprocidade. Amizade é totalmente o oposto de egocentrismo, egoísmo, pouco caso. Só me dói ser amigo e não receber amizade. Afinal, uma festa nunca será uma festa quando você tem um amigo chorando.

Se engana quem fala que amizade se constrói com o tempo. Não, amizade surge num piscar de olhos, assim, pá-pum. A amizade se mantém com o tempo, dia após dia . Eu tenho uma amiga! Uma que segura minhas lágrimas. Que ao acordar, antes de abrir os olhos, me diz palavras de carinho e amor. Amiga que me põe pra cima. Amiga que sorri, e como sorri. Amiga incondicional, linda, inteligente, batalhadora. Amiga que chora também, mas que esquece seus problemas quando tem que ajudar um amigo. Amiga que escuta a mesma história com a mesma atenção de quem nunca a ouviu antes. Amiga que aceita defeitos, diferenças. Amiga presente, sempre. Amiga de choro, risada, abraço, cerveja, sono, problemas.

Amiga de amor, amor incondicional, eterno e voluntário. Amiga de cumplicidade, doação, carinho, sacrifício, ombro, ouvidos, conselhos, proteção, suporte, respeito. Afinal, isso é amizade de verdade.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Egocentrismo


O menino ama ajudar as pessoas. E não sabe falar não. Ele só pensa nos outros. Elas estão tristes. Ele corre, pensa, matuta. O que fazer para deixá-las bem? Elas estão com problemas. Ele corre, pensa, matuta, sofre por elas. O que fazer para ajudá-las? Elas sofrem. Ele muda, não faz, faz, desiste. O que fazer ou não fazer para não magoá-las?

O menino está muito triste. As pessoas estão pouco se lixando. Elas só pensam nelas mesmas. Nunca param pra pensar que algo pode magoar, e muito, o menino. Elas fazem o que as deixam felizes, nem que isso magoe o menino. Elas fazem o que tem que fazer, sem nem pensar se isso magoará o menino, sem lembrar que ele tem coração, sentimentos. Elas encostam a cabeça no travesseiro e dormem, sem nem lembrar ou pensar como magoaram o menino e como tiraram o sono dele, e o fizeram ter aquele pesadelo....Novamente.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Medo


Medo do futuro. Medo de escuro. Medo do presente. Medo inconsequente. Medo de chorar. Medo de enfrentar. Medo da vida. Medo sem saída. Medo da saudade. Medo sem idade. Medo de terror. Medo do amor. Medo de mudar. Medo de ficar. Medo de perder. Medo de vencer. Medo de olhar. Medo de corar. Medo de tentar. Medo de falhar. Medo de sorrir. Medo de assumir. Medo de falar. Medo de engasgar. Medo de impedir. Medo de fingir. Medo de gritar. Medo de assustar. Medo de falar. Medo de escutar. Medo de dizer. Medo de esquecer. Medo de cair. Medo de sair. Medo incessante. Medo apavorante.

Medo de viver.
Medo de sofrer.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Pesadelo


Me belisca!!! Pelo amor de Deus, alguém me belisca.

SILÊNCIO......

Pesadelos, são tão ruins. Vêm somente para atrapalhar a melhor hora de nossas vidas. Mas.... Sonhar acordado. Isso acontece, ô se acontece!

A pessoa te olha e te pega sorrindo, sem motivos....

Você já teve pesadelos acordado?... Como todo mundo sabe, pesadelos são repetitivos. Você tem hoje, amanhã, depois. E sempre você pensa: não acredito que é tudo isso de novo. E eles machucam, magoam, maltratam.

A pessoa te olha e te pega chorando, sem motivos....

Me belisca, por favor.

domingo, 6 de setembro de 2009

Crianças


Cheguei no parque. Estranho. Ele me dá calafrios. No caminho ao quiosque vejo uma família. Alí, tem uma criança loira que acaricia um coelho. Ele não tem medo dela, afinal ela é uma criança.

Continuo caminhando. Encontro o local, amigos, poesias, interpretações. De repente noto que a menina do coelho estava na minha frente. Não muito interessada, é claro, afinal, ela é uma criança.

Contudo, vejo que seus olhos estão vidrados em algum lugar além dali. Resolvo acompanhá-la, olho pra trás e vejo outra menina.

Esta veste asas roxas, combinando com sua roupa. Parece tentar voar, aliás ela acredita estar voando, assim como a fada do desenho animado, afinal ela é uma criança.

A menina do coelhinho levanta, e sem falar nada, sem vergonha ou receio, se aproxima da pequena fada, afinal ela é uma criança.

"Que bonita a sua roupa" - Diz a pequena loira.

"Minha mãe que me deu" - Responde a fadinha.

Silêncio. Porém, silêncio de criança. Aquele sem timidez, sem buscas de palavras desesperadas que preencham a lacuna do tempo. Uma olha para a outra. A menina então sorri. Lindo, afinal ela é uma criança.

"Você viu um coelhinho branco por aqui?" - Pergunta aquela que o acariciava.

Quanta naturalidade. Ela só quer fazer uma nova amiga. Afinal, ela é uma criança.

"Não vi não, por que?" - Responde a outra, interessada.

"Porque ele é muito bonitinho, eu estava fazendo carinho nele!!"

Um barulho. É a poesia! Chama minha atenção novamente. Volto a prestar atenção. Amor, felicidade, sorrisos.... pássaros. A poesia acabou. Crianças?

MEU DEUS
, as crianças, onde estão??? (Por um momento me senti o pai de uma delas, como se não soubesse por onde andava minha pequenina fada.)

Não precisei de muito tempo para descobrir que brincavam. Sorriam, voavam uma com asas outra com os braços. Há quanto tempo se conhecem mesmo? 1 minuto? 2? Mas como pode?? Normal, afinal elas são crianças.


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Que bom seria se pudéssemos manter 1% da ingenuidade e sinceridade das crianças. Talvez assim veríamos os dias sempre coloridos, mesmo que a cor predominante fosse cinza.